Carlos Faria

Carlos Faria

sábado, 2 de agosto de 2014

Os Meus medos...

Porque não?

Não queria pensar desta maneira
Mas é inevitável e é uma canseira
Guardar para mim tem sido um desafio e uma barreira
E por vezes alguma doideira!

Porque não?

Mas muito complicado de gerir.
Aos mais próximos nem quero transmitir 
Esta angústia que me acompanha e nem quero ouvir 
Sofrer por antecipação não é uma grande ajuda e procuro sorrir!

Porque não?

Sei que de nada adianta fazer prognósticos
Sei que tenho um médico que me coloca todos os cenários
Sempre com muita clareza e bastante lógicos
Não me engana nem me alimenta a dizer que não é nada, mas que podem ser adversários!

Porque não?

Tenho a consciência disso tudo mas mesmo assim
Assusta-me qualquer imprevisto que não possa controlar.
Apetece me estar sozinho e nada deixar transparecer, só a mim
Porque os outros não me conhecem e não me sabem avaliar

Porque não?

Ao contrário torna se difícil
Para quem gosta de mim e me conhece
Saber que estarei algo diferente mais apático e menos dócil
Mais fechado e ninguém me reconhece!

Porque não?

Mas não é por mal, procuro me defender
Também sei que possam sentir-se tristes
Mas não consigo deixar de esconder
E como tal, única opção... silencioso!

Porque não?

Não tenho vontade de me divertir
Faço um esforço para tornar tudo fácil e curtir
Ninguém pode compreender como consigo disfarçar 
Sofro um pouco e consigo açambarcar!

Porque não?

Mas não queria de maneira alguma que mais alguém pudesse sofrer
Isso não é possível
Então terei que abrir mão deste meu pequeno grande segredo e descrever
Partilhar, desabafar, é infalível.

Porque não?

Não me vai ajudar muito, mas quero que saibam
Que acredito que alguma possa aliviar e talvez compreendam
Não queria ter medo muito menos angustia e com alguma alegria
Tenho que confiar em quem sabe e sem fobia!

Porque não?

Em todas as evoluções da medicina
Todos os meios de diagnósticos
Todas as técnicas e prognósticos
E acreditar, acreditar, em algo que me fascina!

Porque não?

Se consigo dar tanta força aos outros
Se consigo transmitir esperança
Que raio de contradição a minha em relação àqueloutros?
Quero agarrar me a vida com confiança

Porque não?

Vivo obcecado com o que não sei.
Será que mesmo assim
Conseguirei que alguém compreenda o meu silêncio
Será ?

Porque não?


Por vezes a ignorância
Ê um sinal de tranquilidade, por isso há doentes felizes!!!
Por isso os médicos salvo raras exceções
São sempre os últimos a querer fazer diagnósticos,
O que tanto mandam fazer aos outros
Como eu os compreendo, medo e mais medo!, Mas não concordo.

Porque não?

Mas apesar de tudo serenamente
Devo agir mais controladamente
Salvaguardar algumas angústias
A terceiros que podem virar doentias

Porque não?

Deixar de ser parceiro da internet
E das suas informações generalizadas
Que acabam por assustar sem nexo
E apenas ajudam a manter as mentes sugestionadas!

Porque não?

Apenas tenho que confiar em quem me acompanha
O resto não estará nas mãos de ninguém .
Isto é apenas um desabafo e o parir de uma montanha
Não o faço por mal , mas acredito que tudo há-de correr bem!

Porque não?

Mas não tenho o direito de preocupar
Ninguém com as minhas palermices
Serão palermices?
Ter medo nunca fez mal a ninguém, se calhar!

Porque não?

Antes pelo contrário
Por isso se torna aflitivo e involuntário
Reforça as nossas defesas
E torna-as mais coesas

Porque não?

Mas o meu medo e uma suposição
Tenho de conseguir por um travão
Este pensamento, sempre a levitar
Expetativas e aguardar...

Tenho dito...


Carlos Faria, 02.08.2014


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